A proposta da caminhada silenciosa é tirar toda e qualquer distração de cena (se possível, até aquela conversa que você gosta de ter com o seu parceiro ou parceira de exercícios), de maneira que você possa focar exclusivamente aquele momento. E, ao fazê-lo, você possa se concentrar nos seus pensamentos, sentimentos, no seu entorno (o sol na pele, os ruídos etc.) e na experiência que a caminhada traz a você. Esse é, inclusive, o conceito-chave do mindfulness ou da atenção plena.

É provável que você sinta um estranhamento nas primeiras vezes em que praticar. Vivemos em um mundo saturado de estímulos e muita gente, de certa forma, é dependente deles. Por isso, reservar esse tempo para si mesmo e para a nossa mente pode não ser tão fácil. Inicie com poucos minutos de caminhada e à medida que for sentindo os benefícios, vá progressivamente ampliando o tempo de atividade.

Encontrar pequenos momentos de paz nessa nossa sociedade do desempenho e da produtividade é um exercício de cuidado à sua saúde mental que traz grandes benesses. O primeiro e mais óbvio deles é desacelerar a mente. Além disso, a prática ajuda a acalmar, melhora o humor e reduz o estresse, aumentando a sensação de bem-estar. Outro ponto que vale destaque é que mente mais tranquila traz clareza mental, o que pode nos deixar mais propensos a ter ideias e a criar.

Não importa onde você more. Se ficou com vontade de experimentar, busque um lugar sossegado em sua cidade e deixe o celular em casa (se for levá-lo consigo, desligue todos os sons de notificações). Preste atenção à sua respiração, inspirando e expirando profundamente e procure apreciar o que há ao seu redor.

Em uma era que parece privilegiar a conectividade, a caminhada silenciosa nos ajuda a nos lembrarmos de quão importante é abraçar momentos de quietude.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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